Auto biografia artística virtual. Registros de eventos, resenhas, desenhos, crônicas, contos, poesia marginal e histórias vividas. Tudo autoral. Quando não, os créditos serão dados.

Qualquer semelhança com a realidade é verdade mesmo.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Trecho de autobiografia

    É sabido por alguns mais próximos de mim, que estou escrevendo (a passo de caracol) uma autobiografia. Nela contarei curiosidades, absurdos inacreditáveis, momentos hilários, registros de meu legado com os grupos que trabalhei, registros de meu legado artístico, os prêmios, as publicações, sem deixar de fora os vícios (não apenas os meus, mas também os da minha família, que é extremamente hipócrita ao lidar com este assunto), contato com celebridades, os traumas e aventuras surreais vividos por mim, durante toda minha vida. Não tenho pressa para a produção. Estou fazendo conforme a conveniência de meu tempo, sem previsão de lançamento, mas podem ter certeza, que um dia o "monstro" ficará pronto.

      Como algumas pessoas mostraram interesse curioso no conteúdo do projeto, passarei a divulgar alguns trechos, como teasers do que estará por vir a longo prazo. Abaixo um print de um desses trechos.




quarta-feira, 5 de novembro de 2025

Nova ausência pelo Blogger

   Sem tempo para postar por aqui. A justificativa agora é a produção constante, que tem sido muito desgastante, mas realizada com muito prazer.
   Trabalhar com o que se gosta, está mais para o lazer, do que para o trabalho, no sentido escravocrata da terminologia de trabalho.
  No deleite descompromisso de não ter estimativa para próximas postagens, posso adiantar que vem "coisa grande" a longo prazo.

A iluminação prova que não pinto o cabelo, como más línguas falam.
Mesmo se pintasse, não teria problema nenhum em assumir.
🙂


quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Scavengers Reign (Planeta dos Abutres) - Resenha


             Incrível a capacidade de desdém que a indústria do entretenimento exerce sobre a arte, quando esta não supera as expectativas de venda e/ou audiência. O descaso é mais comum do que se imagina e é aplicado em filmes, séries, animes, músicas, teatro etc. Mas aqui, o destaque do absurdo cabe ao que a HBO Max fez, cancelando a mini série em animação adulta “Scavengers Reign” de 2023, que no Brasil ganhou a tradução de “Planeta dos Abutres”. Trata-se de uma ótima série animada de ficção científica que conseguiu a proeza de 100% de aprovação no Rotten Tomatoes e elogios unânimes entre crítica e público.

       Criada pelos roteiristas Joseph Bennett (nada a ver com o homônimo quadrinhista paraense reacionário) e Charles Huettner (ambos iniciantes ainda com poucos feitos em seus currículos), com direção de Benjy Brooke, Scavengers Reign acompanha a saga de alguns cosmonautas que acabam perdidos em um planeta estranho e selvagem de exótica fauna e flora, onde a busca por sobrevivência se prende aos poucos recursos tecnológicos da nave caída em contrastes constantes com a exuberante natureza local. A história não traz quase nada de violência e sangue, focando exclusivamente no drama do grupo, que se encontra em situação inusitada, devido aos recursos esgotando-se frente à hostilidade deste mundo encantador e completamente bucólico. Desta forma, apesar de ser dirigida a um público adulto, a obra consegue cativar o telespectador sem recorrer a apelos abusivos, deixando sempre o flerte com a surpresa do desconhecido inesperado a cada minuto da animação numa dinâmica de cinematografia espetacular. O traço é limpo, suave, realista e bem acabado com cores vivas contrastando equilibradamente com as cores neutras e fotografia paradisíaca. Cabe o detalhe de que alguns dubladores convidados são celebridades como Wunmi Mosaku (Loki, His House, Lovecraft Country etc.), Alia Shawkat (The Old Man, Duck Butter, Arrested Development, The Final Girls etc.), a bela Sunita Mani (Glow, Death of a Unicorn, Spirited etc.), Bob Stephenson (The Big Bang Theory, Ultrasound, Lying dentre muito mais). Ápices de criatividade podem-se notar na fisiologia da fauna alienígena, que aumentam a curiosidade plástica na animação. 

De forma geral, Scavengers Reign com apenas uma temporada composta por 12 episódios com uma média de 24 minutos cada, já é uma obra prima. Mesmo tendo a produção de uma segunda temporada cancelada inexplicavelmente pela HBO Max, apesar da deixa para continuidade no último episódio, vale assistir a obra que também se encontra na Netflix, Prime Video e Apple TV. Não deixe de conferir!



terça-feira, 26 de agosto de 2025

Ninguém Vai Te Salvar - Resenha do filme

 

Como pode um filme longa metragem não ter diálogos, quase não ter coadjuvantes, ter a maioria de suas cenas em apenas uma locação e mesmo assim ainda ser um filme extremamente cativante, prendendo o seu espectador do começo ao fim, numa tensão cheia de deixas para plot twist? Pois bem, este filme é No One Will Save You (Ninguém Vai Te Salvar” no Brasil), produção hollywoodiana lançada no ano de 2023 escrita e dirigida por Brian Duffield e estrelada por Kaitlyn Dever. Ficção científica que aborda o suspense da abdução com um pequeno toque de terror e de drama familiar, a película entrega muito mais do que promete, visto provocar inquietação com o seu final aberto para especulações do público e de produtores para continuações.

O “quase não ter coadjuvantes” no parágrafo anterior, não é exagero! Durante os seus 93 minutos de execução, No One Will Save You foca na personagem principal Brynn, que mora sozinha em uma enorme casa de bairro bucólico de cidade pequena do interior norte americano. Somente quando a personagem se desloca até um estabelecimento na comunidade, é que temos coadjuvantes em cena, ainda assim, de participações com pouca plasticidade e que somam apenas à história particular da protagonista, sem efeitos significativos ao elemento ficcional da trama. História particular esta, que explica o isolamento de Brynn, pois fica claro na reação dos citados coadjuvantes e nas reminiscências inseridas durante o decorrer do filme, que há sim, um mal entendido, com o falecimento de sua melhor amiga, Maude, que tem culpa do óbito aferida a si pela família desta.

Já a ausência de diálogos é um elemento de forte tempero no suspense do roteiro. Não é um filme mudo! Os sons ambientes, inserções musicais pontuais, onomatopeias, gemidos, barulhos diversos, estão todos lá, mas dosados equilibradamente com o silêncio, que aqui se faz muito notável numa presença densa que antecipa muito bem todo o terror vivido por Brynn a cada cena. Pode-se até arriscar na afirmação de que esta característica somou grande parte da identidade estética deste filme, já que isto é muito bem explorado pela direção de arte da obra.

A interpretação de Kaitlyn Dever vale observação. Sua experiência como atriz jovem se resume a séries de televisão e papéis coadjuvantes em filmes de pouca projeção. Porém sua entrega para viver a personagem em seu drama, não deixa nada a desejar para grandes estrelas de Hollywood. O fato dela ser enquadrada em quase todas as cenas, sem textos, com foco exclusivamente em sua atuação, lhe exigiu dedicação numa encarnação convincente levando o produto final a ser indicado em vários prêmios.

Sem dar muitos spoilers, em concordância com as sinopses existentes online, Brynn consegue resistir bem a invasão de sua casa, provocando até baixa entre os alienígenas, mas estes além de suas tecnologias e suas visitas surpresas, também possuem poderes telecinéticos, o que torna o embate bem mais difícil. Para piorar mais ainda, o problema não é uma situação isolada, como revelado no final do longa.

De forma funcional, a sutileza é um detalhe importante em No One Will Save You, mostrando porque o silêncio da solidão pode ser tão aterrorizante ao ponto de tirar o sono e incentivar a acender as luzes. Vale muito assistir!


sábado, 23 de agosto de 2025

Resenha de O Desejo Eterno

      Abaixo reproduzo uma resenha que encontrei na internet de meu segundo livro, o comic book O Desejo Eterno. A qualidade do texto me impressionou ao ponto de eu reproduzí-lo aqui. Uma pena que não colocaram os créditos de quem escreveu a resenha que originalmente está postada neste link (https://proximolivro.net/o-desejo-eterno-mario-orestes-silva/262415).


     O desejo eterno não se limita a um título; é uma viagem pela densidade do ser humano, pelas intricadas teias do amor, desejo e a busca interminável por conexão. Mário Orestes Silva, um autor que se apresenta com a força de um trovão e a sutileza de uma brisa leve, nos transporta para um universo em que os sentimentos não são apenas descritos, mas vividos em sua plenitude.
    Neste livro, a proposta é mais profunda que as meras palavras impressas. Cada uma das 64 páginas é um convite para refletir sobre a natureza do desejo, sempre insinuando que nosso anseio por afeto ultrapassa as barreiras do tempo e do espaço. Silva conjuga sua formação e experiências de vida em uma narrativa que respira intensidade e paixão, mostrando que o desejo é, ao mesmo tempo, fonte de felicidade e dor. O autor, ao dissecar emoções humanas, entrega ao leitor não apenas uma estória, mas um pedaço de si - uma vulnerabilidade que instiga e provoca, como um ecosistema de ecos íntimos.
     É impossível não se deixar envolver por essa atmosfera. Os leitores sequer conseguem ignorar o seu próprio desejo, em suas diversas facetas, refletindo não apenas sobre o que se deseja, mas, principalmente, sobre o que se sente ao desejar. Comentários que surgem pela internet revelam a controvérsia: muitos se sentem tocados por esta obra quase poética, enquanto outros a criticam, apontando uma superficialidade que mal toca o profundo abismo do desejo humano. Aqui, no entanto, reside a beleza do livro - não há respostas fáceis, apenas reflexões que podem atormentar e povoar os sonhos.
     Ambiente e enredo se entrelaçam em uma dança hipnótica. O contexto contemporâneo que permeia o livro ressalta a incessante busca do sujeito moderno por significado em seus relacionamentos, uma crítica sutil à superficialidade das interações. O desejo eterno se transforma, então, em um grito por autenticidade em um mundo saturado de distrações: "Você realmente deseja conectar-se, ou suas interações são meras substituições para o que falta?".
     Silva nos faz questionar nossas próprias convicções. Ao final da leitura, muitos se sentem compelidos a reavaliar suas relações, o que foi, e o que ainda poderia ser. Leitores que dividiram suas opiniões trazem à tona um fenômeno crucial da obra: a capacidade de provocar sentimentos que, antes, eram apenas submersos em um mar de cotidianidades.
     Ao mergulhar em O desejo eterno, você não apenas percorre a história; você sente, vive, e até chora. É um chamado à reflexão sobre o que significa desejar. E essa é a verdadeira magia deste livro: ele não lhe fornece respostas, mas te força a buscar as suas próprias, acendendo uma centelha de curiosidade e um fervor de sentimentos que podem, de fato, mudar sua maneira de encarar o amor e a vida.
        Deixe que essa obra ressoe em seu ser! O que você tem a perder ao abrir-se para novas descobertas? O desejo, em sua essência, é um portal. E ao cruzá-lo, você poderá redescobrir a si mesmo de maneiras que nunca sonhou.

quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Tortura Ignávia

 

Carne cortada na faca afiada

Gemido saído da boca calada

Líquido rubro viscoso escorrendo

Calafrio anuncia corpo morrendo

Liga de afetos sofreu ruptura

Mudar radical nossa cultura

Osso quebrado exposta fratura

Na boca sensação de amargura

Em frente postado o algoz

Armado o insano ser feroz

Agonia no corpo pela hemorragia

Destino sem trégua na covardia

Sede reflete falência do corpo

Não falta muito para estar morto

Sorriso sarcástico encara o choro

Lágrima perde o gosto de soro

Fome já nem se sente mais

Sonho agora é apenas ter paz

Situação feita na falta de sorte

Finda a vinda chegada a morte

terça-feira, 19 de agosto de 2025

Só Garotos de Patti Smith é um tributo poético e romântico de quem domina as palavras

 

Muito antes de se tornar uma rock star e ícone punk da contra cultura de Nova York (e porque não dizer “do mundo”?), ela já era performancer, poetiza, escritora, artista plástica, desenhista, pensadora reflexiva e Mulher. Sim! Mulher com M maiúsculo, porque a carismática Patti Smith, nascida em 1946, cedo foi obrigada pelo destino a pular sua adolescência e tornar-se adulta, mediante a vida de uma família pobre que demandava ajuda à mãe, para cuidar de casa e um casal de irmãos mais novos. Boa parte dessa experiência dolorosa e enriquecedora, seguiu-se durante décadas e a acompanha até hoje em sua terceira idade, onde ela ainda continua se apresentando profissionalmente mundo à fora, conforme pode ser constatado em “Só Garotos”, autobiografia comovente desta artista completa, humilde e questionadora. Tudo descrito na primeira pessoa, sem ajuda de ghostwritter, com proficiência de quem está segura em seu ofício.

Ao contrário do que se possa imaginar, esta obra não esta específicamente focada em sua música. Nas páginas que senguem-se numa escrita natural de quem domina muito bem as palavras, tornando a leitura prazerosa e expectante, acompanha-se primordialmente as dores, os tropeços, acertos e felicidades de alguém muito bem vivida e com gosto da formatura de seu legado. O ápice desta obra é a explícita homenagem àquele que em vida foi seu companheiro e o grande amor de sua vida, o fotógrafo e também artista plástico/performático Robert Mapplethorpe, infelizmente falecido precocemente no final do ano de 1986 pela síndrome da imuno deficiência adquirida (AIDS). Não apenas homenagem, mas também registro histórico do trabalho deste ser humano cativante e do companherismo dedica a Patti. Podemos até arriscar dizer que, se não fosse por ele, a madrinha do punk não seria quem é hoje, devido ao enorme incentivo, motivação e parceria que este dedicou à ela. Mais do que justo este tributo apresentado desde a capa do livro, pegando praticamente toda narrativa (mesmo no tempo em que ambos estiveram separados) até às fotos ilustrativas e às últimas páginas.

Evidente que ela fala de seus discos, de suas músicas, componentes da banda, ensaios e composições do primeiro e emblemático “Horses” lançado no longínquo 1975 até os esboços do que viria a ser o álbum de sua volta à atividade musical “Dream of Life”, lançado em 1988 (dois anos depois da morte de Mapplethorpe). Mas também se descreve suas poesias, suas fotos, seus desenhos, suas exposições e seu pensamento inquietante. Destaques que valem a atenção, estão em seu amor declarado à arte de Bob Dylan, sua morada (com Robert, evidentemente) temporária no famoso Chelsea Hotel, onde se envolveram ativamente com a prolífica cena cultural do entorno e a sua devoção ao movimento beatnik. Nomes como Jim Morrison, Andy Warhol, Janis Joplin, Jackson Pollock, Arthur Rimbaud, Allen Ginsberg, Jean Genet, William Burroughs, William Blake, Charles Baudelaire, Brian Jones e dezenas de outras celebridades passeiam coadjuvantemente por todo texto da brochura, tornando a composição muito bem frequentada.

Em seu leito de morte, Robert recebeu de Patti Smith a promessa, de que ela escreveria a história deles. “Só Garotos” cumpriu sua palavra e não há dúvidas de que, onde quer que ele esteja, Mapplethorpe se orgulhou do resultado final.

Editora Companhia das Letras; tradução de Alexandre Barbosa de Souza; 272 páginas; São Paulo; 2010.


quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Aforismos Oresteanos

 "Não sabemos o gosto da comida, se não experimentarmos o prato. Logo, é normal, termos em nossas vidas, experiências que não valeram a pena, com a única validade de já sabermos o que não queremos repetir.”


"Endorfina, dopamina, serotonina e ocitocina deveriam ser sintetizadas em uma única cápsula de modo a ser distribuída gratuitamente no Sistema Único de Saúde. Assim, certamente teríamos o fim da depressão. Isso só não é realizado, porque diminuiria significativamente os lucros da indústria farmacêutica."


"Envelhecer com boa qualidade de vida, é uma dádiva que deveria ser exemplificada pragmaticamente. Envelhecer com uma mínima qualidade de vida, deveria ser exemplificada apenas de modo ilustrativo, de forma a não se repetir nunca."


"Diferenças sociais deveriam ser proibidas."


"Em vez de cadeias, os presos de justiça tinham que ser punidos como cobaias vivas para a ciência."


"O altruísmo como obrigatoriedade tendo o respaldo sempre do parecer técnico e científico. Eis a sociedade perfeita, por enquanto utópica para a humanidade."


"Se o planeta Marte já foi habitado com água abundante, rica fauna e flora num passado muito longínquo, temos um alerta de como o planeta Terra ficará daqui a longo prazo, caso continuemos a nos destruir progressivamente. As mudanças climáticas vigentes são prenúncio disso."


"É muito mais fácil trabalhar e conviver com fauna e flora, do que com humanos. Plantas e animais nunca irão lhe trair ou lhe fazer mal algum. Já os humanos, podem lhe aprontar qualquer mazela a qualquer momento, seja no trabalho, na faculdade, na escola, na família, nas ruas, em qualquer lugar e a qualquer hora."